sábado, março 08, 2014

Ode à Mulher - para que não se esqueçam da importancia que têm

Consta que hoje, 8 de Março, é o Dia Internacional da Mulher, celebrado desta forma desde o inicio do século XX. Não concordo com a ideia de que haja um dia especifico para isto, mas desde que nos restantes continue a respeitar-se as mulheres, este pode muito bem ser um dia em que se dá um bocadinho mais de atenção à muita importância que elas têm.
Sendo sabido que os homens são mais talhados para certas tarefas (apesar da diferença cada vez se esbater mais e mais), reconheço a superioridade das mulheres em muitas mais e das mais variadas formas, e sou completamente a favor da luta pela igualdade de direitos (e deveres) entre os diferentes géneros.
E não tenho pejo nenhum em admitir a maior importância das mulheres sobre praticamente tudo o que de relevante acontece no mundo. Não é preciso ser nenhum génio para saber da quantidade de batalhas e guerras que foram travadas por causa da beleza de uma ou mais mulheres, da quantidade de obras musicais, das pinturas, peças de teatro e filmes realizados em nome de uma determinada mulher, ou os magníficos monumentos mandados construir como prova de adoração a uma mulher... e por aí fora.
Não me parece exagero dizer que a mulher é uma das mais importantes forças motrizes da humanidade, seja por acção directa ou indirecta.
Pode-se dizer que eu sou uma prova (em escala muito pequena) disso mesmo. O blog, que criei há uma década e actualmente encontra-se quase às moscas, foi na vã esperança de finalmente cair nas boas graças de uma certa e determinada maravilhosa Mulher. Muitas das coisas que lá escrevia eram a sonhar com ela, mesmo que inspirado por um detalhe tão simples como por exemplo, a forma como uma pulseira de pé descansava maravilhosamente sobre o tornozelo dela, numa qualquer ida à Ilha de Tavira, ou como o cabelo dela se deixava acariciar pelo toque dos ombros dela.
Ainda hoje a grande maioria do que escrevo, invento ou copio para o meu mural de facebook, apesar de normalmente ser para vos alegrar o dia é, essencialmente, para tentar ser merecedor de um mero sorriso dessa mesma espectacular Mulher, apesar de achar que ela acaba por não gostar de nada disto. Mas a vida continua.

Para todas as mulheres que sabem estar no mundo, obrigado por serem a inspiração dos Homens.
Tenham um excelente Dia da Mulher, seguido de excelentes dias "normais" sem fim.
E para a Mulher que me inspira há tanto tempo, mando um beijo em especial, apesar de ela não querer.




quinta-feira, maio 23, 2013

No templo dos ciprestes



(texto com alguns anos, resgatado do fundo da gaveta para finalmente ver a luz do dia)

Deitado, inerte e imóvel me deixo ficar, debaixo destas árvores.
Disseram-me em tempos que são ciprestes, as arvores que vulgarmente são usadas em muitos cemitérios por esse mundo fora.
Compreendo o porquê de gostarem tanto de usar essas árvores nesses locais: a sua forma cónica faz parecer que estão a apontar para cima, como que indicando o caminho para o céu imaculado e paradisíaco que espera as almas nobres, quando estas se finam…

Desenganem-se.
O céu… o céu pertence aos pássaros, aos aviões e naves espaciais, aos planetas e às estrelas. O céu…
Para além disso apenas serve para alimentar os sonhos irreais de quem passa demasiado tempo acordado a pensar “como será, se…”, “o que teria sido, se…” ou “como seria, se…”.  
O céu alimenta-se de se’s, sejam eles presente, passado ou futuro, devora-nos o tempo que passou e queima-nos o tempo que está para vir, reduzindo a pó os sonhos que teimamos em fazer acordados, enquanto ele próprio se enfeita de estrelas reluzentes, planetas distantes que nunca visitaremos e utopias… o céu...

Deitado, debaixo destas árvores, onde o sol nunca me chegará.
Inerte, seis palmos debaixo da terra, não se reencontra com ninguém do nosso passado.
Apenas o vazio que se vai apoderando aos poucos de uma alma que não se apaga, de uma memória que perdura quando já não devia e que relembra uma velha invenção humana - que alguém decidiu chamar de “segundos” – ao ritmo da batida imaginada de um coração que há muito se calou.

Não, não fui para o céu e o meu inferno pessoal foi ficar nesta espera eterna por algo que nos foi vendido à nascença, nesta espera de quem em tempos acreditou que o céu nos acolherá no nosso descanso, os de alma nobre…

Alma nobre?…mais valia ser louco. Mais valia… inerte mas louco.
O tempo sempre passaria mais depressa, neste inferno feito espera que nunca terá fim.

O céu…? Não me lixem.




quinta-feira, junho 14, 2012

Um dia digo-te o quanto gosto de ti
(hoje não é o dia)






O tempo vai passando mas a vida parece correr num ciclo vicioso, que se repete vezes sem conta.
Já nem tenho a certeza se algum dia te disse o quanto gosto de ti. Imaginei fazê-lo tantas vezes, em tantas diferentes ocasiões , que nem sei ao certo se alguma vez te disse, na realidade.
E, se o tiver mesmo dito, qual a tua reacção também não sei dizer. Por cada vez que imaginei dizer-te o quanto gosto de ti, imaginei também inumeros cenários diferentes em que a tua reacção seria tão dispar, em cada uma delas, como a floresta Amazónica é do deserto do Sahara.
Não sei dizer ao certo se alguma vez te disse o quanto gosto de ti, nem sei se escolheste ignorar tal herculea declaração infinita de intenções.
O que sei é que precisaria de duas vidas a concorrerem ao mesmo tempo: uma que me permitisse fazer tudo o que está ao meu alcance para que fosses feliz; outra simplesmente para poder ficar a admirar-te, desde o nascimento do primeiro segundo do dia até ao momento em que o ultimo segundo desse dia se despede no silencio pacifico da meia noite em ponto. Duas vidas das quais não tenho nenhuma.
E não é que não seja feliz ou infeliz assim. Sou feliz na medida do possivel, coleccionando fragmentos de felicidade que encontro por acaso naquilo que me é dado pela vida, naquilo que vou conseguindo fazer e no pouco que tenho o luxo de me dares.
Apesar de não ter a certeza nem me lembrar ao certo, estou inclinado para acreditar que nunca te disse o quanto realmente gosto de ti... de que outra forma pode parecer uma felicidade ter tamanhos requintes de malvadez...




terça-feira, fevereiro 28, 2012

Under the rain




11 de Maio de 2005.


Noite de concerto de Alanis Morissette, na Semana Académica da Universidade do Algarve.


Saí de casa sem qualquer coisa combinada com quem quer que fosse. Ao chegar à porta do recinto, no campo de futebol da Penha, uma chuvada que fazia prever o pior: o cancelamento do concerto. Ainda assim entrei, depois de alguns minutos minimamente abrigado numa árvore à porta das piscinas, ainda do lado de fora do recinto.


Pouco depois a chuva deu tréguas e foi possível entrar sem grandes sobressaltos, no meio de toda a multidão que não se importou muito com a chuva. Convenhamos que, apesar de não ser ao gosto de toda a gente, naquela altura Alanis Morissette ainda era um nome grande do panorama musical, ao nível de outros nomes grandes que vieram às Semanas Académicas do Algarve.


Acabei por me encontrar com um grupo de amigos, e amigos de amigos, e ali fiquei a ver o concerto. A dada altura, parte do grupo dirigiu-se às barracas, para atestar. Eu optei por ficar, a assistir ao concerto. Alguns pingos de chuva faziam prever o pior – outra enxurrada? Os pingos de aviso fizeram com que os restantes elementos do grupo que não tinham ido às barracas quisessem ir procurar um sítio que os abrigasse da possível chuvada.


“Vamos lá para trás, que vai começar a chover”, disseram-me.


“Mas eles foram buscar bebida, devem estar aí a chegar”, retorqui.


“Olha, ali estão eles a chegar, bora”, ouvi de volta.


“Mas… falta a [nome_de_rapariga]”, disse eu.


“Está a começar a chover, vais esperar por ela aqui?”, perguntaram-me.


“Espero o tempo que for preciso”, disse sem pesar as palavras.


A primeira reacção que vi na cara de quem falava comigo foi um sorriso de quem tinha percebido perfeitamente o que eu estava a dizer.


E, pela primeira vez e nessa noite, ao fim de tanto tempo não o neguei, nem sequer tentei. Esperaria o tempo que fosse preciso. Em poucos segundos aquele sorriso transformou-se, deu lugar a uma feição de compaixão e provavelmente alguma tristeza por saber mais do que eu, e acabou numa conversa sobre como as coisas nem sempre são como queremos, que por gostarmos de uma pessoa esse alguém pode não ter a mesma ideia sobre nós e que, no fundo, a culpa não é de ninguém. Dizem que é assim que as coisas são e que não há nada a fazer.


A bem ou a mal, tentei convencer-me que essa é uma verdade incontornável.


E não sei que pensar do facto de que, no meio disto tudo e ao fim destes anos todos, volto de forma recorrente a vestir a pele daquele ser, no meio da chuva, à espera o tempo que for preciso…




segunda-feira, outubro 10, 2011

Em congruências



Um homem aborda uma mulher na rua e pergunta:
- Desculpa perguntar, mas estás grávida, não estás?


Ela, sem lhe dar tempo de resposta, pega na sombrinha e desanca-o de cima abaixo com mais de uma dezena de golpe no espaço de meio segundo, para no fim exclamar:
- Toma, bandido, para não me chamares gorda!


Enquanto ele rebola pelo chão em busca dos três dentes que ainda não conseguiu reunir na palma da mão, diz com a voz meio trémula:
- Mas… eu não queria dizer que estás gorda. Ia apenas referir o brilho de felicidade que tens no olhar, normalmente atribuído às mulheres felizes com a sua gravidez…


Ela vira-lhe as costas e responde, de forma taxativa e imperial enquanto se afasta dele:
- Pfff! Estou de mês e meio e muito feliz por isso, está bem? E são gémeos!




quarta-feira, agosto 24, 2011

Hábitos que não se ganham





Jogo de esconder


Hoje não me apetece fingir
que me és indiferente,
que não despertas em mim
um acelerar da pulsação
ou que fazes com que eu queira ser
algo melhor do que realmente sou.
Este jogo de crianças em que,
de falso sorriso enfeitado na face,
piso os meus próprios sentimentos,
como se fossem folhas secas de Outono
deitadas ao chão fora de tempo
e o seu irremediável estalar crepitante
fosse origem de alegrias extemporâneas…

…perdi a vontade desse jogo infantil
em que finjo ter a certeza
que não te sou indiferente.


(Nelson Gonçalves........... 14/08/2011)




terça-feira, junho 28, 2011

Imaginary self-loathing, or maybe something else completely different



Sou confesso adorador do Verão, sem dúvida alguma a minha estação preferida do ano. Apesar da alegria florescente primaveril, da beleza subvalorizada de um aconchego invernal ou da força do cheiro a terra molhada que as chuvas outonais trazem, o Verão traz consigo uma liberdade não só em termos de roupagem mas também de mentalidade, como que uma brisa constante de aventura que se está mais predisposto a seguir.


Mas não deixa de ser um contra-senso esta vontade que me dás de pedir, a mim mesmo e com alguma insistência, o abrigo frio do silêncio e o escudo invisível da escuridão na noite que se vai perdendo com o passar das horas, até definhar lentamente às mãos dos primeiros raios de sol.


O mais natural era continuar a procurar-te, como faço uma e outra vez, até perder a conta às vezes que o faço, sem me aperceber se faço algum intervalo para respirar. Nem eu sei se ainda respiro, não me lembro da última vez que o ar me chegou aos pulmões sem que antes fosse consumido em chamas dentro de mim. Um ultimo suspiro perde-se na penumbra…


Dou por mim a pedir em silencio para não te procurar. És quente e o calor que fazes despertar em mim, esta chama que me fazes queimar por dentro, faz com que as temperaturas veraneantes sejam coisa de somenos... e é gelo que se sente, na luz forte que vem do sol em plena tarde.


Nasce mais um dia… quente por sinal. Dizem na televisão que é capaz de bater registos históricos de temperatura. E tu, por aí continuas a derreter corações inconscientemente, como se não fosse crime ter todo esse poder no olhar, no sorriso ou nas curvas sinuosas da cintura que clamam por inventar um outro pecado original, a cada centímetro da tua pele.


Vai ser um dia quente, dizem-me.
No escuro do meu refugio estará fresco, certamente… apenas e só até eu lembrar-me que não me consegui esquecer de pensar em ti.




terça-feira, maio 24, 2011

Possivel declaração de intenções



Há algo em ti que me prende e tenho dificuldade em explicar, ou sequer identificar. Algo muito para além da tua maneira de ser, do timbre da tua voz, do teu jeito de olhar ou da sensação de leveza no teu toque.
Tentar explicar isso seria uma tarefa infindável, uma odisseia capaz de destronar imperadores, destruir pirâmides e outros templos ancestrais. Capaz de descobrir continentes impossíveis de atingir.
Mas esta necessidade de não deixar calado o sentimento obriga-me a tentar, mesmo que da forma mais improvável. Por isso vou limitar-me a dizer que há algo em ti que me prende, por mais singelo e pequeno que seja. É essa a razão pela qual vou dizer que o que me prende a ti não é muito maior que a pequena sarda que te enfeita a face, bem por cima da boca de carmim, um pouco à esquerda do nariz cinzelado na perfeição por um qualquer escultor renascentista e um pouco abaixo da pedra preciosa do teu olhar. Esse pequeno ponto circular para onde converge todo um universo.
Porque essa mínima sarda é simbolicamente oposta à cruz nos mapas piratas, talvez com o intuito de não te dar a descobrir facilmente, mas que mesmo assim marca a presença do maior tesouro à face da terra.
Porque, ao contrário dos mapas que se encontram pela cidade fora - onde o pequeno ponto significa “você encontra-se aqui” - ao olhar para ti e essa maravilhosa sarda que me enfeitiça, o único significado que lhe leio não é mais que “você está completamente perdido… de amores”.




segunda-feira, abril 04, 2011

Ilações precipitadas (quando "precipitar" quer dizer "tornar em precipício")

Cada vez mais dou por mim a pensar se isto é real… desejando que, na realidade, o tempo tivesse parado algures no inicio da minha adolescência, numa manhã qualquer em que me encontrasse mais entorpecido pelo sono e ficasse parado em frente ao espelho a imaginar todos estes últimos anos (os bons e os maus momentos) em capítulos de um livro que viria a publicar no inicio da minha idade adulta. Num intervalo de dois minutos dedicados a ter a “cabeça na lua”, até ao momento em que a minha mãe berrasse comigo para que me despachasse ou me atrasaria para a escola…



Mas não.
Parece que é mesmo assim, nesta sociedade que nos ensina desde pequenos que a felicidade é atingível, que nos formata para a procurarmos incessantemente sem que o retorno seja minimamente satisfatório. Somos bombardeados constantemente com episódios que nos querem fazer crer que existe essa coisa da felicidade duradoira, do “e viveram felizes para todo o sempre, enquanto saíram em direcção ao pôr-do-sol a cantarolar alegremente”…


Depois chegamos a um ponto em que o desencanto se vai instalando, ao repararmos que afinal não era bem assim, que não era bem da forma que nos quiseram convencer. Mesmo assim continuamos na busca, ao ritmo em que o descontentamento vai alastrando e nos convencemos que afinal tudo aquilo que nos impingiram no passado não eram mais que mentiras cor-de-rosa para que nos deixássemos ficar submersos num estado de contentamento descontente – sem nunca se darem conta de que o efeito poderia ser precisamente o oposto. Até ao limite em que o desalento se torna insuportável, até ao momento em que concluímos que a felicidade não é eterna… que afinal de contas a felicidade é tão efémera como um pestanejar e tão rara como um arco-íris que se avista ao longe, rodeado de um céu cinzento repleto de nuvens.


Nunca explicaram o que fazer, quando se chega a esse extremo do espectro da realidade… e nesse ponto, o que se faz?


O que se faz, quando os arco-íris desaparecem para sempre…?




quinta-feira, março 31, 2011

Estojo de lata

Todos os dias apanhavam o mesmo autocarro, ela para a universidade e ele para o trabalho, separados por duas paragens: primeiro entrava ele, procurava os lugares de quatro cadeiras com duas frente-a-frente. Escolhia as da frente, viradas para a traseira do autocarro, pensando que ela preferia olhar para a estrada que o condutor seguia religiosamente, todos os dias; depois entrava ela, sentando-se invariavelmente no banco em frente a ele sem nunca trocarem uma palavra e saia duas paragens antes dele.

Era uma carreira pouco concorrida, as poucas pessoas que ali passavam eram maioritariamente estudantes que - tal como ela - se dirigiam para a universidade e que invariavelmente se sentavam nas últimas filas do autocarro, e assim aqueles quatro lugares pareciam estar sempre reservados para aquelas duas criaturas, como se fosse um sinal do destino que ambos pareciam não se esforçar por tornar real.

Ao chegar à paragem da universidade ela levantava-se devagar mas sempre a tentar não dar muito nas vistas, cabisbaixa e olhava de relance, sem disfarçar um ligeiro sorriso. Ele, olhando também pelo canto do olho, consumido pelo facto dela ir embora sem que lhe tivesse dito nada, sorria de volta discretamente enquanto baixava a cabeça, corado de timidez e frustração.





E assim foi, durante meses a fio, sem se trocar uma palavra que fosse… até um dia.

O céu estava nublado há vários dias, a ameaçar uma chuva que não tinha pressa de se fazer notar. Para ele era apenas mais um dia, sentado na sua cadeira cor de laranja, ainda se instalando, enquanto chegava a paragem em que ela entraria. Ajeitou a pasta, presa entre a perna e a parte lateral do autocarro, por baixo da janela que tantas vezes tinha servido de refúgio, quando não conseguia olhar mais para ela sem dar demasiado nas vistas.

Ela entrou, sentou-se e, inadvertidamente, deixou cair um estojo de canetas vermelho, em lata, cujo estrondo não foi suficiente para que os restantes poucos passageiros prestassem atenção. Num rápido impulso, ele apanhou o estojo de lata e estendeu a mão para lho entregar. Sem hesitar, ela agarrou o estojo prendendo também a mão dele. Fez uma ligeira pressão, como que a chamar a atenção dele e quando ele sentiu, olhou para ela.

- “Não dizes nada?” perguntou ela.

- “Não.” respondeu ele com um sorriso.

- “E assim como é que eu sei que não és apenas um louco que me persegue todos os dias?” disparou ela sem medir bem as palavras que dizia.

- “Então só me restava dizer-te que não, e ficar na esperança de que acreditasses em mim…”

- “Não sei se isso será suficiente para mim.” disse ela demonstrando um ligeiro desencanto.

- “Pois… depende só de ti”.

- “Pensei que as coisas fossem correr de forma diferente… tens uma palavra para me convencer.” disse ela, em forma de ultimato, ainda sem largar o estojo de lata e a mão dele.

- “Não quero.” ripostou ele, sem mostrar o mínimo de duvidas.

- “Não…?”

- “Não quero palavra nenhuma para te convencer… que palavra poderia eu dizer? Maravilhosa? Linda? Perfeita? Divina? Não, não quero dizer-te uma palavra para te convencer, porque as palavras não fazem justiça. Um dia, daqui a uns tempos, numa única palavra vou dizer-te que amo-te e vou ter a certeza que essa palavra não é suficiente para dizer o que sentirei por ti… de que me serve uma palavra, então?”

Ela parou por uns instantes, a olhar para ele, sem reacção.

Chegam à paragem da universidade e os estudantes da fila de trás começam a levantar-se. Ela puxa o estojo de lata para si, juntando-o aos cadernos que leva, enquanto se levanta para sair, sem nunca deixar de olhar para ele. Dá dois passos em direcção à porta de saída, quando ele diz:

- “…mas gostava que me desses o teu numero de telemóvel.”

Ela estremece e pára por um instante… dá um passo atrás, debruça-se sobre ele enquanto lhe põe a mão gentilmente sob o queixo, dando-lhe um beijo na face… e diz-lhe baixinho ao ouvido:

- “Já o tens, apenas não deste por isso, ainda.”

Ela parte, olhando para trás e piscando-lhe o olho ao mesmo tempo que sorri de felicidade. Ele fica confuso, sem querer acreditar no que tinha acabado de acontecer. Baixa a cabeça, enquanto franze o sobrolho, sorri e abana a cabeça em descrédito.

E é nesse instante que repara, ali na palma da sua mão direita, a mão com que tinha apanhado o estojo de lata, a seguinte mensagem que ficou impressa:

555-…




segunda-feira, março 21, 2011

À sorte de quem sorte não quer ter




A Lua, em tempos minha e de mais ninguém, abandonou-me.
Emalou as estrelas, levou a noite consigo
e deixou-me entregue a um eterno abrasador Sol
Que me queima a vida aos poucos, em chamas constantes.
Mas de pouco importa, se a nada mais pretendo almejar
Porque és momentânea alucinação
Que me habita o desespero do deserto:
És singelo cubo de gelo que por dois segundos se derrete
Nos meus lábios gretados, secos e sedentos de compaixão.
E pouco me importa se a lua me abandonou a um Sol implacável
Esses dois segundos que os teus lábios derreteram nos meus
Valeram por toda uma eternidade de esperas que,
Agora, num último suspiro em que me derreto por ti,
digo a mim mesmo que valeram a pena.


Um ultimo suspiro, desde que a lua me abandonou
À sorte de quem sorte não quer ter.


Nelson Gonçalves.....................(21/3/2011)




quarta-feira, março 16, 2011

Inquirições ou as chamadas "intervenções"...?

A - Achas-te uma pessoa inteligente?
B - Sim, acho. Acima da média, até.
A - E bonito? Vá, minimamente atraente ou bem parecido...
B - Também. Acho que não ando por aí a assustar toupeiras, quando me cruzo com elas.
A - E dirias que és uma pessoa interessante?
B - Claro que sou! Mas onde queres chegar com esse interrogatório?
A - Há quanto tempo, mais ou menos, é que és um convencido?




quinta-feira, março 10, 2011

Passagens de livros que nunca escreverei [capitulo II]

(mais algumas frases soltas que se iam perdendo por entre a multidão de acontecimentos do facebook desde Junho até agora)





Dar-te a atenção que eu queria que tivesses seria dar-te a importância que não queres ter para mim.



Tenho de meter na cabeça, de uma vez por todas, que a quantidade assombrosa de mulheres bonitas que se atravessam no meu caminho não são todas para eu me apaixonar por elas... algumas devem ser só para eu ficar um bocadinho mais maluco.


"Ah e tal, não quero que te falte nada".
Mas depois, quando uma pessoa lhes dá o NIB e uma estimativa de custos para que "não me falte nada", desconversam!


Don't go and open up your heart out to some loved one, unless you're heavily drunk. that way, your body already has the alcohol it needs to start the healing process for the deep wound you've just cause on yourself.


Sou macho o suficiente para chorar ao ver um gajo pedir alguém em casamento, é triste ver um homem chegar ao ponto em que tem de desistir da própria vida...


Consigo sempre uma grande cumplicidade com as mulheres e acabamos sempre por dividir tarefas. Por isso mesmo é que, como em qualquer relação de amor-ódio, eu fico com o amor e elas ficam com ódio.


Se há coisa que eu denoto é uma completa falta de solidariedade entre pares do mesmo oficio, por exemplo: - se 25 de Abril e 25 de Dezembro são feriados, então todos os dias 25 de cada mês deveriam unir-se na sua luta, dar o corpo ao manifesto e intitularem-se também eles dignos de serem feriados!


O uso prolongado de certos medicamentos podem provocar alucinações.
Quem me disse foi o duende voador com quem estive à conversa, durante meia hora ao almoço.


Excerto retirado do inexistente livro: "O desfuncionamento do ser o mano - teses da conspiração"
Capítulo I - teorias mais ou menos totalmente falsas, inerentes ao facto do ser humano ser-le-o
(...) O sexo é nada mais nada menos que um processo encefálico (por alguma razão as mulheres afirmam que os homens só pensam em sexo)... porém este processo tem muito pouco "ence" e quase tudo de "fálico".


You're perfect!
p.s. - don't think of yourself as someone too special just because I find perfection in you... I'm terribly bound to make huge mistakes.


Não sou eu que me atraso, o resto do mundo é que tem a mania de andar adiantado!


Petty little animal: "Should I be happy? Guess I should. I know I should. But somehow I feel that this apparent happiness in me is nothing but a mask for the jealousy I feel for your happiness... and it consumes me".


Long lasting lust leaves you lifeless and leads to loneliness.


Vai-se a ver e ainda devo pertencer ao povo dos bárbaros, tamanha é a facilidade com que digo barbaridades...


O jantar queria-se romântico, tendo em conta o dia que é, mas a relação parece estar condenada, pois a minha companhia (garrafa de agua) não tocou na comida nem disse uma única palavra...


Yes, I'm pretty sure that karma is not a beach... stop searching for it.


Havia de me chamar Mario e ser cantor pimba com duas ou três "balharinas"... já estou a imaginar nos cartazes: Mario e as suas Marionetes! (ao bom estilo de "Diabo e as suas diabetes")


I'll close my eyes trying to get some rest,
and in my mind I'll tell myself that everything is fine...
trying to convince myself of that untill I wake up,
making the usual effort to force a smile again and again
untill its time to close my eyes once more
...letting the cycle begin again


A diferença entre trezentos mil e mil é só trezentos...


Louco eu? sou mais louco eu ou vocês que pensam que levam uma vida "normal"? isso sim, é loucura...


As pessoas tanto ganham maus hábitos como bons hábitos, o problema é que o resto do mundo só dá atenção aos maus...


Ao segundo sinal sonoro serão exactamente dois sinais sonoros... *tut* *tut*


Com tanto peixe no mar, achas que vou ficar agarrado a um peixe que afinal estava estragado?


Universal laws of (not) HOWTO:
"when engaging in conversation with a girl for the first time, you should look for things you might have in common and start by there".
I'm guessing that "hey, I also have two arms, just like you! Is this destiny or what?" is not the right approach.


"Grimaldino Laureta era o típico dez-prás-duas da aldeia, também conhecido por nunca jurar nada a pés juntos... muito por culpa de não os conseguir juntar"


Mais vale um olho inchado que uma enxada no olho!


É preciso ter sorte, logo hoje é que a farmácia tinha de ter esgotado o stock de comprimidos de licor beirão...


"Por ter 7 irmãos mais velhos e trejeitos efeminados, Aniceto desde muito novo ficou conhecido na aldeia como 'Ana e os sete'. Um dia o 'Banhas', que gozava muito com 'Ana e os sete', foi atacado por trás e perdeu uma das vistas devido a espetarem-lhe alguma coisa na cara.
Curiosamente, foi também o ultimo dia que se viu 'Ana e os sete' com unhas compridas em verniz rosa-choque. Ele há com cada coincidencia..."


...e a minha melhor contribuição do dia terá sido: "Olha lá!! Ou, como dizem os franceses, ô-lá-lá!!!"


O mau humor hoje parece generalizado... Bah! Que é feito do meu contrato de exclusividade?!?


Já diz o velho ditado: esquece muito a quem... uai, não me lembro!


Há malta com a mania tão grande de ser do contra que, para contrariar os cartazes que dizem "se conduzir não beba", até colaram autocolantes no vidro de trás do carro a dizer "bebe a bordo"... vão beber para casa, pá!!!!


Ás vezes pergunto-me se o desperdicio maior é o que algumas pessoas fazem ou se é o tempo que perco a passar-lhes cartão...


Frase do dia? "Detesto malta ca mania das doenças, por tudo e por nada vão ao medico. e essa coisa de ir a uma consulta a um 'ótoclista' só pode dar m***a"


The mistake is understandable, but I said I was coughin'... not coffin!


"Ismerindo Passarinha era conhecido na aldeia como o homem que tinha na sua propriedade 33 cabeças de gado e 34 pares de cornos..."


Stars are nothing but wondering and wandering old light.


É um alivio vermos que, quando estamos a ficar com má ideia de uma pessoa, a cada instante que passa essa pessoa vai te dando razão...


Muitos patinhos feios nunca chegam a cisne... e isso normalmente envolve uma caçadeira...


Eu prefiro pensar que vejo todas as cores, mas o resto das pessoas é que lhes chamam nomes estranhos...


o que deveria ser a publicidade a uma clínica de desintoxicação:
"Diz não à droga"?? se chegaste ao ponto em que tens diálogos com "ela" mais vale internares-te logo de uma vez...


A lingua portuguesa é de tal forma traiçoeira que permite que se confunda "tu matas-me" com "tomatas-me"...


Se tiverem algum amigo casado com uma Victoria e ganhem alguma coisa perto dele, não usem a expressão "ah, o doce sabor da vitoria"... as consequencias podem ser devastadoras.


Preocupante não é falarem mal de mim em relação a muita coisa... preocupante é terem razão.


...seria incorrecto dizer que é de gosto duvidoso porque é tão mau que não deixa duvida nenhuma.


Isto é que vai aqui uma luta titanica, que opõe o horário de trabalho contra a junção dos exercitos das palpebras com as forças da gravidade...


My mind is where the visions of diamonds come to rest until they fade out in the darkness.


It is a riddle, wrapped in a mystery, inside an enigma.


"Vitorio Florentino e Juventina Silvina foram, em tempos, reconhecidos por uma conhecida multinacional tabaqueira como os melhores clientes de todos os tempos. O seu casamento durou 48 anos, porque sempre que ele tentava 'sair para ir comprar cigarros' ela pedia-lhe para trazer um maço para ela..."


Some day, when we are all really old, we'll look back at these days and... start calling names at all of us.


Estoicamente e pleno de bravura, escondi-me tempo suficiente para a abelha acertar com a porra da janela.


Se a vida te der limões, manda-os de volta e pede o sorbet logo como deve de ser!


A malta esclarecida e iluminada diz que escrever com letras bem grandes é sinal de força e certeza naquilo que se escreve... eu acho que é mesmo falta de vista.


Don't worry, I'm just going through a mid-life crises that started when I was born, but I'm hopeful it'll end soon...


Eu ainda sou do tempo em que o papel higiênico era de folha dupla!


Vida de encalhado é mais complicada do que imaginas, pah!


Mais um novo ditado popular (ou deveria ser): "não fiques a segurar a vela se não estiveres preparado para te queimares"


Três hipóteses se colocam em cima da mesa:
- tentar, sabendo que não é atingível;
- confirmar que o impossível é mesmo impossível;
- esperar para ver que não acontece mesmo.


Conclusão após apurado estudo teórico de esplanada: pioneses fazem mal às gengivas.


Pasta de dentes dentro dos olhos, arde. não arde tanto como whisky, mas acaba por arder durante mais tempo...


Pergunta inquietante do dia: a padeira de Aljubarrota usou uma pá para arrear nos espanhois... e se ela, em vez disso, tivesse atirado bolas de estrume? Seria a estrumeira de Aljubarrota??


Se as pessoas se dessem ao trabalho de ler o que realmente está escrito, em vez de pararem no desenho que fizeram das frases...


- Tu já tinhas era idade para criar juízo!
- Oh amigo, tás um bocado atrasado. Já criei o juízo todo. E foi tão bem criado que já arrumou a mala e foi tratar da sua vidinha para longe!


Sabedoria de festival: "se a beleza fosse gordura eras a mulher mais gorda do mundo"


O Verão passa num instante. Tinha ideia de que Agosto fosse maior, mas reparo agora que afinal só tem 6 letras...


Life's not a dream where you can build the reality you wish for... no leap of faith will ever do the trick, unfortunately.


"People will never take you seriously, cause you try to use science to explain the rules of the universe".


Se arrependimento provocasse queda de cabelo estava eu aqui completamente careca...


As mulheres deviam de ser todas feias e desinteressantes... e no caso de haver excepções, teriam de sofrer todos os dias o calvário de estarem apaixonadas por mim para o resto da vida!


Muitas vezes a melhor forma de sobreviver a um problema sem solução é convencermo-nos de que não somos a fonte do problema... mesmo que isso seja mentira.


Uma relação que só pode acabar em sucesso começa por um "só estou contigo até encontrar melhor".


Não sei se conheço muita gente que se lembraria de escrever "refastelamento na praia em horario pós-laboral" numa unica mensagem...


Unawarely feeding the imaginary cooky monster that strives within my imagination.


Most of the times you don't need to search very far behind, all you have to do is look behind the last few hours and realise that you arrive home alone nearly at 3 in the morning just to turn on your computer and face the fact that your whole life is nothing but a huge, immense amount of emptiness...


Pensamento pacifista e positivo do dia:
Detesto gente falsa que anda sempre munida de um punhal imaginário na manga, para a eventualidade de aparecer a oportunidade de dar uma palmadinha nas costas de alguem. Muito pior que gente porca, pois à falsidade não há agua e sabão que lhes valha!


Eu ainda sou do tempo em que só existiam 3 videojogos:
- arremesso da cassete de video (com duas modalidades - VHS e Beta);
- ver quem conseguia tirar a mais comprida fita da cassete de video até a fita partir;
- ver quem conseguia ficar com a mão presa dentro do leitor de video.


Há malas que vêm por bem, outras há que temos de andar a telefonar para saber onde foram parar por engano.


Duas analogias parvas numa só frase:
"As pernas tremiam como se fossem dois pratos de gelatina nas mãos de um paciente com Parkinson e os joelhos batiam como as cabeças de dois bisontes que lutam pela supremacia..."


Esperto? Nada disso. Tive de ir procurar a informação. Tenho é uma curiosidade que ainda há de matar o gato que há em mim!


Dá-me nervos ouvir alguem a queixar-se desmesuradamente com um "se eu soubesse o que sei hoje..."
Ora porra! Se eu soubesse o que sei hoje, tinha ganho o Euromilhões a semana passada!!!


Com a crise que nos assola, cheguei à conclusão que está na altura de fazer alguns cortes... decidi começar pelas unhas e depois talvez passe para o cabelo.


Uma micro-historia de amor:
- Trouxe um vinho que deve ser divinal. Queres alguma coisa da garrafa?"
- Quero, sim :)
- Vá, ok. Podes ficar com o rotulo.


Tinha tanta noção do seu mau feitio que nunca engolia em seco, com medo de morrer envenenado.


Se cada vez que alguem me dissesse isso eu ganhasse 1 euro, já tinha praí uns 5 ou 6 euros!


Autentico 2-em-1 (bater o coro + elogio): "acho tão sexy essa tua habilidade para veres a m#%&a de companhia que sou"


I wear my expectations as high as a star
Don’t care if maps show me off track
I’m just hoping that you and I get too far
...and hoping you won’t ask me to turn back


Hoje perguntaram-me "porque é que ainda não és casado?".
E eu lá dei a resposta do costume: "porque as mulheres só querem é homens porcos, feios e maus". Mas devia ter respondido a verdadeira razão: "já imaginaste quantas mulheres cometeriam suicídio ao saber que eu teria casado?? Eu digo-te quantas. Uma, a que tivesse casado comigo!"


Leonardo da Vinci, através da pintura, fez vários estudos sobre anatomia. Pintou "Bicos de papagaio", "Anca torta", "Furunculos no cotovelo", "Peitos bicudos" e "Mona Lisa" mas só um desses quadros ficou conhecido...


- Então e como acha que vai estar daqui a 10 anos?
- Acho que vou estar 8 anos mais velho.
- Quer dizer que vai envelhecer lentamente...?
- Hã? Ah, desculpe, é que matemática nunca foi o meu forte...


A vantagem de não fazer planos é não ver eles sairem furados.


De momento não tenho nada a acrescentar ao nada que já te disse.


Uma pessoa que se mude para Paderne torna-se numa pessoa "empadernida"...?


As pessoas só merecem o respeito a que se dão... eu é que sou burro e excedo-me quase sempre.



(cmo se pode constatar, que coisa útil o meu tempo...)




quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Feito de ciclos viciosos

Deparo-me com a ideia de que secretamente cheguei a desejar nunca mais cá voltar.


Permitam-me corrigir-me... secretamente não, talvez inconscientemente. Sim, inconscientemente será a definição mais adequada para o que quero dizer.




Talvez este lugar seja “apenas” um dos mais fortes ventos que semeei, e é apenas natural que agora passe o tempo colhendo aquela que será das maiores tempestades que me assolarão até ao fim dos meus dias. Como uma maldição que faz peso sobre a cruz invisível que se faz transportar nas minhas costas. Como um chicote que incessantemente vai deixando marcas, cicatrizes que o tempo não conseguirá apagar.




Mas deixar de vir cá implicaria muita coisa, muitas mudanças de vida, de espírito… quiçá de afectos que não me pertencem. Situações para as quais talvez não esteja preparado. Quando digo que não estarei preparado, digo-o por natureza, não por falta de vontade e querer. Mas o mundo é feito de tentativas frustradas, umas atrás das outras, na vã esperança de que alguma vez surta efeito...




Claro que voltei cá, mais uma vez. Que outras alternativas teria, que não fossem alimentar a tempestade que criei, quando tudo à volta me empurra de volta para este meu canto. Forçando-me ao recurso de musas de outros tempos que - incautamente, sem conhecimento ou aviso - voltaram para me alegrar os dias mais enublados e, ao mesmo tempo, regarem-me a face de lágrimas desprovidas de sentido, nas noites escuras e solitárias em que me culpo de tudo o que não acontece...




…afinal de contas, a vida não é mais que um ciclo vicioso, frágil mas ao mesmo tempo imparável, que se repetirá até o sol apagar-se, de uma vez e para sempre.




segunda-feira, janeiro 31, 2011

Ensaios de um regresso adiado



Que importa...


Pouco ou nada importa
se és sol e lua sobrepostos,

quando me fazes andar perdido
por lugares que bem conheço.

Que importa se és calor que foge do gelo
em que a minha vida se recusa tornar,

ou se és gelo que nunca se encontra
na chama de uma lareira acesa.

Que importa se és contradição de palavras
que não se sabe como pronunciar,

o vazio que se sente
quando o peito parece repleto
e prestes a explodir numa lágrima
que apenas corre pela face
na alegria de te poder admirar…



…pouco ou nada deveria importar
se és a única coisa que realmente importa.


(Nelson Gonçalves..........21/01/2011)






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